O uso de Big data em campanhas políticas brasileiras

No Brasil, empresas de marketing político tem discutido o método de campanha utilizado por Donald Trump nas eleições (2016) dos Estados Unidos como um grande modelo a ser seguido. O big data, a análise de dados oriundos de diversos processos internos, tem sido vendida como a chave para o sucesso de uma campanha eleitoral. Esta promoção não é totalmente verdadeira, pois há particularidades a se considerar.

A primeira limitação que surge no processo de importação do método para o Brasil é a quantidade de dados. Devido à flexibilidade na legislação norte-americana, os Estados Unidos já possui um arsenal de informações coletadas. Os efeitos de um trabalho significativo com o big data são condicionados ao acúmulo de informações, e isto pode demandar anos.

“Informação é poder”. Apesar do fato apresentado pela clássica frase, ousamos dizer que além de reunir informações, é preciso saber de que forma utilizá-la para um trabalho mais eficiente e direcionado. Um mero amontoado de dados não garante uma boa imagem e um conteúdo produtivo acerca de um candidato. Certamente, por trás de um case de sucesso, uma direção para aplicação dos dados foi previamente definida.

Durante uma campanha eleitoral, tarefas simples como controlar pleitos da sociedade, obter informação de contato de líderes comunitários e influenciadores locais e construir discursos baseados no perfil do eleitorado podem ser facilitadas caso haja o preenchimento de dados e o seu bom manuseio.

Além disso, o cuidado com os dados inseridos deve ser levado em consideração até mesmo no momento de escolha da prestadora de serviços. Muitas empresas oferecem a funcionalidade de um banco de dados ceifando a privacidade dos clientes, pois ao fim do contrato o volume adquirido pode ser comercializado para outrem.

Em suma, registros públicos, informações disponíveis na internet, entrevistas, formulários e provedores de dados comerciais, isoladamente, não ganham campanha. Admitir a construção do próprio banco de dados juntamente com o desenvolvimento de uma linha de trabalho que considere as variáveis sócio-políticas podem definir o êxito durante toda a carreira pública, e não somente no momento da candidatura.

 

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