Congonhas está fixado no mapa turístico do Brasil como uma das mais belas cidades antigas de Minas tradicional. Tem a sua fisionomia traços característicos que a fizeram uma relíquia histórica Por toda parte, os sinais do gênio artístico do Aleijadinho, que plantou no chão congonhense marcos definitivos da arte barroca. Em fins do século XVII, amplamente divulgadas as notícias da existência de ouro abundante nas Minas Gerais, aventureiros e faiscadores lançaram-se ávidos sertão adentro. Logo a seguir começaram a ser trabalhadas as mais importantes lavras que viriam dar origem às primeiras cidades mineiras, erigidas sob o impulso do ouro fácil e à sombra do culto católico, graças aos quais guarda hoje o Estado de Minas Gerais precioso tesouro artístico que muito contribui para o acervo da arte barrôca brasileira. Entre essas cidades, ainda hoje vivendo de suas riquezas minerais - o ferro agora - inclui-se Congonhas, onde se encontra a mais ambiciosa obra de Antônio Francisco Lisboa, O Aleijadinho. A cidade surgiu da lavra do rio Maranhão, tributário do Paraopeba. Posteriormente a exploração estendeu-se a outros sítios e ribeiros e as somas fabulosas de ouro dai retiradas favoreceram o crescimento rápido da cidade, onde o casario de pedra e os solares imponentes hoje desaparecidos, exibiam não raro traços de opulência e fausto. Em 1749 Congonhas teve sua capela curada elevada a paróquia, sob a invocação de Nossa Senhora da Conceição O povoamento adensara-se, aumentara o nível de prosperidade e crescera o número de aventureiros. Entre estes havia um de nome Feliciano Mendes, português, que, acometido de grave moléstia e impossibilitado de prosseguir no trabalho da mineração, recorreu aos favores do Senhor Bom Jesus de Matosinhos, prometendo pôr-se para o resto da vida a seu serviço se recuperasse a saúde Atendido em seu rogo, vestiu um burel de eremita e plantou um cruzeiro no alto do morro Maranhão, local que lhe pareceu mais indicado para o templo de Bom Jesus, cujo santuário, na cidade do Porto, sua terra natal, o havia inspirado. E, a beira das estradas, guardando um nicho com a imagem do Senhor Bom Jesus de Matosinhos, viveu recolhendo esmolas dos viajantes para a construção do Santuário. Mas este só viria a ficar realmente concluído em princípios do século XIX, quando o Aleijadinho já gravemente enfermo e com quase 70 anos de idade, terminou sua obra prima: os doze Profetas. Entrava então em declínio o ciclo do ouro e o Município voltou-se mais uma vez para seus recursos naturais: o minério de ferro. Em 1811 o barão Wilhelm Ludwig von Eschwege, que viera ao Brasil em 1811, pare estudar nossas riquezas minerais, instalou em Congonhas, juntamente com Varnhagen e Câmara, o primeiro centro siderúrgico do País - a usina Patriótica. Hoje Congonhas, enquanto revolve seu pare extrair a hematite que abastece as principais usinas do País recebe anualmente milhares de turistas e romeiros que ali vão orar e admirar o Santuário do Senhor Bom Jesus de Matosinhos, em cujo redor a cidade cresceu e vive. O Santuário O SANTUÁRIO do Senhor Bom Jesus de Matosinhos fica no alto de um monte, em cuja rampa de acesso se localizam as seis capelas dos Passos da Paixão. As obras do Santuário foram iniciadas em 1758 e nele trabalharam os melhores artistas do grupo mineiro da época. A capela-mor, obra de Francisco Lima, com talha de Antunes da Costa foi concluída em 1773. Os altares laterais foram entalhados por Jerônimo Félix Teixeira, dourados e pintados por João de Carvalhais e Bernardo Pires da Silva. Em 1779-80 João Nepomuceno Correia e Castro pintou o forro; de sue autoria, também, os quadros da capela-mor. Os dois grandes anjos do altar principal são de Francisco Vieira Servas. Em 1819 as pinturas da capela-mor foram retocadas por Manuel da Costa Ataide A ambula e as sacras de prata foram executadas por Felizardo Mendes. Embora a igreja encerre uma obra valiosa e de grande beleza e ali esteja o motivo da peregrinação religiosa - a imagem do Senhor morto a. frente do altar-mor - são as esculturas de Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho - os doze Profetas e as figuras dos Passos - que fizeram do Santuário a mais alta expressão do barroco mineiro. O Aleijadinho iniciou seu trabalho em Congonhas em 1796 e em 1805 estavam concluídos os doze Profetas, em pedra-sabão, e as 66 figuras dos Passos, em madeira. Estava então o escultor gravemente enfermo e teve que empregar inúmeros auxiliares para o primeiro desbaste da pedra-sabão e da madeira. Entre estes encontrava-se seu escravo Maurício. Os doze Profetas distribuem-se harmoniosamente pelo adro, existindo entre os muros deste e as estatuas tal independência de formas e contornos que ambos parecem pertencer a uma só criação plástica. A construção do adro foi iniciada por volta de 1777 Por Tomas de Maia Brito, havendo assim um período de mais de vinte anos entre o inicio da construção deste e a, obra do Aleijadinho. As figuras dos Profetas, em tamanho maior que o natural, lembram esculturas góticas, influencia que o Aleijadinho recebeu através das xilogravuras da Bíblia que possuía, um dos poucos livros que conheceu, alias. Todos os Profetas seguram cartelas, onde estão gravadas, em latim, trechos de suas profecias. Seis mensagens são endereçadas aos bons e seis aos maus. Encarnam com seus traços angulosos, seus gestos decisivos e largos, a expressão visionaria dos olhos orientais e a beatitude dos rostos iluminados, toda a grandeza de seu momento bíblico . Jonas olha deslumbra do para o céu , agradecido por ter saído com vida do ventre da baleia. Joel expressa um momento de fervor místico. Habacuque, com o braço erguido, adverse os povos da Babilônia. Abdias, também com o braço levantado, indica o céu. A expressão contrita de Amós reflete a tranqüilidade e a pureza do pastor. Oséias retrata a resignação. Naum, transfigurado, anuncia a queda de Nínive. Baruque, de semblante grave, revela a vinda de Cristo e prediz o fim do mundo. Ezequiel reflete, na dureza da expressão, o sentido de sua profecia. Isaías, de barbas longas, tem, mais que qualquer outro, a expressão iluminada do visionário. Jeremias, com ar vencido, suplica o retorno ao Senhor. E por fim, Daniel tem aos pés o leão. Em sua cartela se lê: "for ordem do rei encerrado na cova dos leões, são e salvo escapou pelo auxílio de Deus". Os Passos As SESSENTA E SEIS figures dos Passos, de cedro em tamanho natural, foram feitas antes dos Profetas, pois em 1799 já estavam concluídas. As figuras dos Passos foram encarnadas por Francisco Xavier Carneiro e Manuel da Costa Ataíde (há alguns anos foram restauradas por técnicos do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional). Seis capelas abrigam as figures dos Passos da Paixão Na primeira, a da ceia, encontram-se 13 figures. Jesus anuncia que um de seus discípulos vai traí-lo. A um canto, com a sacola dos 30 dinheiros, aparece Judas, um dos melhores trabalhos do conjunto. O segundo Passo, do Horto, mostra os discípulos adormecidos e Cristo em êxtase recebe do Anjo o cálice da amargura. Na terceira capela está o Passo da Prisão. Judas finge-se surpreendido diante do Mestre. São Pedro corta com a espada a orelha do soldado romano Marcos. Os Passos da Flagelação e Coroação estão reunidos numa só capela. vê-se no primeiro o chamado "Cristo da Coluna", incluído entre os melhores trabalhos do Aleijadinho. A seguir, o Passo Cruz-às-Costas. Destacam-se aqui as figuras de Cristo e Maria Madalena. Por fim o Passo da Crucificação, onde ressalta a movimentação dos carrascos. Por volta de 1808, o Aleijadinho deixou Congonhas e retornou a Ouro Prêto (onde nasceu em 1730 e onde faleceu a 18 de novembro de 1814). Durante o período em que realizou os Profetas e os Passos, quase aos 70 anos, aleijado e deformado por doença incurável, era ele um homem atormentado e esquivo. Fugia do convívio das pessoas e a todos ocultava o rosto. Antes de receber o apelido de Aleijadinho fora um homem alegre, que gostava de bons vinhos, mulheres e festas. Mulato, de baixa estatura, tinha o nariz afilado, a testa larga e o cabelo anelado. Filho do mestre de obras, o português Manuel Francisco Lisboa, iniciou seu aprendizado na oficina. do pai. Embora tivesse apenas instrução primária, desde muito jovem tornara-se•mestre na sua arte. Com inteiro domínio do risco, rebelou-se contra o barrôco jesuítico e criou um estilo original e novo. Criou a planta eliptica, com torres angulares em seção circular. Quebrou a severidade monástica das igrejas, utilizando a ornamentação também na parte de fora. Descobriu a pedra-sabão e empregou-a na ornamentação e na estatuária. Este novo material, estatúaria ou saponito, e uma pedra mole, abundante nas montanhas de Minas Gerais. GENTÍLICO: Congonhense

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