Versão I A história de Presidente Epitácio teve origem na necessidade, no início do século XX, da construção de uma estrada de rodagem que ligasse o trecho compreendido entre o ´sertão desconhecido´ e desabitado desta parte do Estado de S. Paulo, com o sul de Mato Grosso (atual Mato Grosso do Sul). Até então, os mato-grossenses dessa região só podiam alcançar a capital de São Paulo e Rio de Janeiro pelo Paraguai ou Uberaba, obrigados a percorrer mais de duzentas léguas para chegar a ponto de estrada de ferro. As fazendas dos vales dos rios Verde, Pardo, Ivinhema, Amambai, Iguatemi e outras da bacia hidrográfica do rio Paraguai remetiam para São Paulo o seu gado através do Triângulo Mineiro, efetuando viagem longuíssima, que consumia grande parte de seu valor. Em 1906, a última cidade do Estado de São Paulo, antes de Mato Grosso, era Assis. Fazia-se necessária uma estrada que ligasse esses dois estados, mas na época, era um empreendimento que nem mesmo os governos estaduais tinham coragem de enfrentar, principalmente porque a região era considerada sertão, tanto de São Paulo como de Mato Grosso e segundo Francisco Cunha em Memórias de um picadeiro (p. 23), ´terço do mapa de São Paulo onde se lia: TERRENOS DESCONHECIDOS HABITADOS PELOS ÍNDIOS´. ANTECEDENTES Como até 1880 a maioria das terras entre as barrancas dos rios do Peixe e Paranapanema continuava inexplorada, conforme se constata em trabalho de Waldery Santos, Caiuá - História de sua fundação (obra em disquete), o governo de São Paulo, contratou Teodoro Sampaio para percorrer e descrever essa região. Em 1886, este iniciou o levantamento de toda a bacia do Paranapanema até sua foz no rio Paraná. Mesmo assim, a maioria das terras entre as barrancas dos rios do Peixe, Paranapanema e Paraná, permanecia inexplorada, e o governo paulista se propôs a explorá-la. Em 1890 o engenheiro José Alves de Lima é incumbido de abrir uma estrada entre o ribeirão São Matheus, região de Campos Novos, até o rio Paraná, para posteriormente chegar-se a Mato Grosso. Entretanto, devido a estrada localizar-se próxima das cabeceiras do rio Feio, desistiu-se do projeto. Nova tentativa se dá em 1892 com a contratação, pelo Serviço Geográfico e Geológico, do engenheiro Olavo Hummel para concluir o itinerário. Em 1893 ele constrói um caminho entre o povoado de São Matheus, no município de Campos Novos do Paranapanema, pelo Vale do rio Santo Anastácio, até as margens do rio Paraná. Esta estrada, feita apenas para fins estratégicos, em pouco tempo é reabsorvida pela mata. Nesse mesmo ano a empreitada é abandonada por Hummel. Com o governador paulista Jorge Tibiriçá, em 1904 a região volta a ter atenção sobre ela. O governador procurou seu primo, o médico Francisco Tibiriçá e ofereceu-lhe a administração do projeto. Este, embora tivesse consultório na capital, aceitou a missão. Francisco Tibiriçá procurou o engenheiro Otto Maoser, seu amigo, a quem propôs dirigir os serviços técnicos da obra, que de imediato aceitou. Contudo, pouco depois, Otto apareceu morto numa rua de Campos Novos Paulista. Francisco Tibiriçá sabia que a Estrada de Ferro vinha sendo construída lentamente. O próprio governo do Estado de São Paulo também sabia que só poderia utilizá-la, em um prazo longo. As bacias dos rios Feio, Peixe, Santo Anastácio, Paraná e Paranapanema, ainda figuravam nos mapas como zona desconhecida e desabitada. Porém com o avanço das frentes pioneiras, as tribos daquela região haviam reduzido suas forças, exceção apenas quanto aos Coroados. Os Caiuás haviam retrocedido, representando um risco menor. Francisco Tibiriçá, que recebera a concessão definitiva para construir a Estrada Boiadeira, obteve na mesma ocasião autorização do governo do Mato Grosso para abertura da estrada naquele território, em prosseguimento programado para o lado paulista, a seguir assumindo a direção da empreitada. O destino da estrada seria a região de Vacaria, no Mato Grosso. Tibiriçá procurou um sócio e encontrou-o na pessoa do Coronel Arthur de Aguiar Diederichsen, rico proprietário de fazendas de criação de gado e de lavouras de café na região de Ribeirão Preto. A união de Francisco Tibiriçá e Arthur de Aguiar Diederichsen resultou na empresa Diederichsen & Tibiriçá, onde o primeiro administraria os serviços da estrada no lado de São Paulo e o segundo no lado do Mato Grosso. No lado mato-grossense as obras foram iniciadas de imediato. Já no lado paulista só mais tarde teve início com os trabalhos de Francisco Guilherme de Aguiar Whitaker, conhecido como Capitão Francisco Whitaker, que já dirigia os negócios do Coronel Diederichsen em Ribeirão Preto. Whitaker juntou-se aos dois e, em seguida, sugeriu e obteve autorização para contratar um auxiliar, o Coronel Francisco Sanches de Figueiredo. Após o início dado por Arthur de Aguiar Diederichsen, Figueiredo passou a orientar, em março de 1906, a construção da Estrada Boiadeira no lado de São Paulo. Francisco Guilherme de Aguiar Whitaker, contratado para a empreitada, primeiro veio pelo rio Santo Anastácio até o rio Paraná para escolher o local mais apropriado às instalações de um porto, que seria denominado Porto Tibiriçá. Achando o local, voltou para Ribeirão Preto, de onde era, a fim de reunir o necessário para o início efetivo das obras. Lá, o ´Capitão Chicuita´ (como era também chamado o Capitão Francisco Whitaker) foi informado que era o novo encarregado da substituição de Francisco Tibiriçá na obra. Com uma flotilha de cinco grandes barcaças e uma lancha de ferro largou o porto Laranja Azeda, em Ibitinga, descendo o Tietê rumo à sua empreitada. FUNDAÇÃO O próprio Capitão Francisco Whitaker nos relata em seu trabalho ´Recordações´ (fl. 6) como se deu no dia 1º de janeiro de 1907 a fundação de Presidente Epitácio: ´No dia primeiro de janeiro de 1907, ao meio dia, depois de trinta e um dias de penosa navegação, a flotilha estava ancorada no Porto Tibiriçá. Era o termo de nossa viagem. A primeira etapa estava vencida´. Ali e naquele momento, estava sendo plantada a semente da atual Estância Turística de Presidente Epitácio. Como se sabe, as dificuldades iniciais não foram pequenas, principalmente considerando-se que por aqui habitavam as tribos dos índios Coroados, Caiuás e Xavantes. Estas tribos eram temidas até mesmo pelos intrépidos carreiros e tropeiros da época que, por causa desses silvícolas, recusavam-se a passar por esta região. Muitos trabalhadores foram mortos pelos índios, pelos bichos selvagens e pelas doenças, comuns na frente de desbravamento. As adversidades não foram suficientes para impedir a marcha daqueles homens audazes, que a todo custo queriam domar o imenso sertão. A Estrada Boiadeira foi concluída, o Porto Tibiriçá, homenagem ao governador de São Paulo, Jorge Tibiriçá, ficou pronto em 1908. A ingente batalha tinha sido finalmente vencida pelo ´ÚLTIMO BANDEIRANTE´(CUNHA p. 97) . Naquele mesmo ano, a empresa Diederichsen & Tibiriçá (fundada por Francisco Tibiriçá e o Coronel Arthur de Aguiar Diederichsen) passou a chamar-se Companhia de Viação São Paulo - Mato Grosso. Seus negócios se expandiram: compra de gado no Mato Grosso e venda aos criadores do Estado de São Paulo, transporte pela Boiadeira, onde se pagava pedágio pelo seu uso, travessia em balsa pelo rio Paraná, além do uso de pousos e pastos. Porto Tibiriçá ganhou forte impulso. Ao seu redor, nasceu um patrimônio, batizado de Vila Tibiriçá, origem de Presidente Epitácio. ESTRADA DE FERRO SOROCABANA Última estação da linha da Estrada de Ferro Sorocabana - EFS -, o ponto final do inicialmente denominado ´Ramal do Tibagi´ deveria chega a um ponto em Porto Tibiriçá, às margens do rio Paraná, num ponto ainda praticamente virgem. Durante os anos da construção do ramal, que afinal viria a se tornar a linha-tronco da Sorocabana, o nome da localidade foi alterado em 1919 como uma homenagem ao presidente Epitácio Pessoa, que acabaria por deixar o cargo exatamente no ano da inauguração - 1922 - da estação, que, quando aberta, já o foi com esse nome. OFICIALIZAÇÃO Após aprovação de projeto de lei apresentado pelo vereador José Carlos Botelho Tedesco, aprovado pela Câmara Municipal epitaciana, o prefeito sancionou, no dia 11 de abril de 2006, a Lei 2001/2006 que oficializou o dia 1° de janeiro de 1907 como a data da fundação de Presidente Epitácio. CRONOLOGIA Algumas datas importantes para a história de Presidente Epitácio: 1907 - Dia 1º de janeiro, ao meio dia, fundada por Francisco Whitaker, nasce como Porto Tibiriçá a atual Estância Turística de Presidente Epitácio; 1921 - A Lei nº 1.798 de 18 de novembro cria o distrito e município de Presidente Prudente, a quem Presidente Epitácio pertencia; 1922 - Inaugurada a estação Porto Presidente Epitácio da Estrada de Ferro Sorocabana no dia 1º de maio; 1936 - No dia 13 de janeiro, pela Lei nº 2.571, Presidente Epitácio é elevado à condição de distrito pertencente ao município de Presidente Venceslau; 1942 - O Decreto nº 13.075, de 25 de novembro, cria as reservas da Lagoa São Paulo (13.343 ha.) e do Pontal do Paranapanema (246.840 ha.); 1948 - É criado o município de Presidente Epitácio pela Lei nº 233 de 24 de dezembro; 1949 - Em 27 de março é instalado o município de Presidente Epitácio; 1949 - Loteamento de terras às margens do rio Paraná em 30 de setembro, dá origem à comunidade do Campinal; 1957 - Inicia-se, a três de maio, a pesquisa de petróleo em Epitácio, cujas prospecções são encerradas, sem êxito, em 20/3/1959, tendo atingido 3.953,5 m de profundidade; 1958 - Presidente Epitácio é transformada em Comarca no dia 31 de dezembro pela Lei nº 5.121, sendo que esta lei foi revogada pela Lei nº 5.285 de 18 de fevereiro de 1959, retroativa a 1º de janeiro de 1959; 1960 - Iniciada a construção da ponte ´Maurício Joppert da Silva´, inaugurada em 22 de agosto de 1965; 1963 - Em 20 de dezembro é instalada a Comarca de Presidente Epitácio; 1972 - A Lei 497 institui a perífrase ´Jóia Ribeirinha´ para Presidente Epitácio; 1980 - Iniciadas em junho as obras civis da Usina Hidrelétrica e eclusa de Porto Primavera (hoje ´Sérgio Motta´); 1985 - Criado, pela Lei 4.954, de 27 de dezembro, o distrito do Campinal no município de Presidente Epitácio; 1990 - Presidente Epitácio, em 20 de julho, pela Lei nº 6.956, é elevada à condição de Estância Turística; 1998 - Em 7 de novembro iniciou-se o enchimento do reservatório da usina ´Sérgio Motta´, em sua primeira etapa, elevando o nível das águas do rio Paraná até a cota 253 (253 metros acima do nível do mar), etapa esta concluída em 14 de dezembro; 2001 -Iniciado o processo de elevação do reservatório da usina ´Sérgio Mota´ para a cota 257 em 1º de fevereiro. Etapa concluída em 26 de março com instalação, na ocasião, de oito unidades geradoras das 18 que tem capacidade. Colaboração: Benedito de Godoy Moroni Versão II PRESIDENTE EPITÁCIO está localizado no traçado da Estrada de Ferro Sorocabana, à margem esquerda do Rio Paraná. A região, então habitada pelos índios Opayos, da subnação Caiuá, começou a ser conhecida a partir de 1888, como passagem do gado trazido dos sertões de Mato Grosso. Por volta de 1902, Domingos Barbosa Martins, "O Gato Preto", e o major Cecílio de Lima começaram a organizar pousos e currais para descanso do gado, ocasião em que se fundou a vila de Porto Tibiriçá, já com inúmeros moradores. Em 1919, com a chegada dos trilhos da Estrada de Ferro Sorocabana, surgiram novas condições de vida para o porto Presidente Epitácio. O tráfego ferroviário, iniciado em maio de 1922, marcou a data de fundação da cidade. As terras do atual Município pertenciam por doação a Antonio Mendes Campos Filho e foram posteriormente divididas e negociadas a 200 mil réis a data, por seu procurador Álvaro Coelho, a Joaquim de Souza Martins, Zeferino Pereira, Domingos Francisco dos Santos, Manoel Mendes de Oliveira, José de Andrade. Guilherme Borges dos Santos, Antonio Batista, Carlos dos Santos e Maria Júlia de Oliveira, considerados os fundadores de Presidente Epitácio. Os primeiros moradores se dedicavam quase exclusivamente à extração de madeira, adquirida pela Sorocabana. Na ausência de estradas, a estação ferroviária era atingida por picadões rasgados na mata. Em 1924, os trilhos da Estrada de Ferro foram estendidos até a barranca do rio Paraná, por determinação do então chefe de uma coluna revoltosa, Coronel Izidoro Dias Lopes. Data dessa época a instalação oficial do posto fluvial de Presidente Epitácio. Em 1927, foi doada por Álvaro Coelho, procurador de Antonio Mendes Campos Filho, uma quadra de terras para construção do quartel do 2.º Regimento de Cavalaria da Força Pública do Estado, que em 1930 foi transferido para a capital do Estado. A situação geográfica privilegiada de Presidente Epitácio, na divisa com os Estados de Mato Grosso e Paraná, e o fácil escoamento da madeira pelo rio Paraná. favoreceram a instalação, em 1947, de várias serrarias, e conseqüente progresso do distrito. Em 1º. de janeiro de 1948, iniciou-se um movimento para a criação do Município, fato que se concretizou em 24 de dezembro do mesmo ano. Como Município Presidente Epitácio passou a desenvolver-se rapidamente. Novas famílias se radicaram na cidade, confiantes nas oportunidades que surgiam. Grandes empresas madeireiras se instalaram e armadores se aparelharam para o transporte fluvial de madeira, gado e cereais. Com as empresas de navegação surgiram as indústrias de construção naval. Foi uma fase áurea de Presidente Epitácio. Os serviços de carga e descarga, tanto nos guindastes como nas esplanadas ofereciam farta mão-de-obra, atraindo grande número de trabalhadores. O Serviço de Navegação da Bacia do Prata e a Companhia Mate Laranjeira empregavam em suas frotas tripulação superior a 1.500 embarcadiços. A pesquisa de petróleo pela Petrobrás provocou nova fase de progresso, mais tarde reativada pela construção da ponte Professor Maurício Joppert. FORMAÇÃO ADMINISTRATIVA O MUNICÍPIO e o Distrito foram criados pela Lei n.º 233, de 24 de dezembro de 1948 e instalados em 27 de março de 1949, com território desmembrado do Município de Presidente Venceslau. Em virtude da Lei estadual n.º 8.092, de 28 de fevereiro de 1964, perdeu parte do território para o Município de Teodoro Sampaio. Atualmente é formado pelo distrito único de Presidente Epitácio. GENTÍLICO : EPITACIANO Fonte: Biblioteca IBGE

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