Tudo começou quando em 1553, D. João III doou a Garcia D'Ávila, protegido por Tomé de Souza, 60 léguas de terra da costa para o sertão baiano; Com a missão de desbravá-la e domesticar os índios, logo ele construiu um castelo e uma torre onde fica em Camaçari em Salvador/Ba, e hoje ainda se vê a torre dos D' Ávila; Dali vigiava os mares e com fogos sinaleiros alertava as autoridades dos perigos, com isto foi ganhando prestigio, confiança e mais terras dos governantes, assim ele foi avançando sertão adentro, conquistando terras, invadindo aldeias indígenas, dizimando índios ou fazendo-os fugirem para o interior, longe da civilização; Enfim os D'Ávila foram retalhando os Tupis Guaranis e os Tapuias. Em 1625 o quarto senhor da torre Francisco Dias D'Ávila herdou mais de 10 grandes fazendas com currais de gado. O Imperador sonhava com um caminho que ligasse Pernambuco a Minas Gerais através do sertão baiano, visto que o caminho pelo oceano tornara-se um grande perigo pelos constantes ataques de corsários e piratas assaltando os navios, principalmente os mercantes da costa brasileira; a solução seria o caminho do gado, assim os D'Ávilas foram conquistando terras e mais terras no sertão baiano seguindo o desejo de Garcia, em forma de leque: Salvador - Monte Santo - Glória - Juazeiro, ai encontrando o rio São Francisco e construiu o portal de entrada para os caminhos do gado, e veio explorando o rio e suas margens passando por Pilão Arcado, construindo mais um curral em Barra, chegando por fim em Santana, na década de 70, no século XVII, fazendo aqui uma grande fazenda para o descanso do gado; depois atravessou o rio São Francisco, formando mais um curral em Paratinga, dali seguiu as margens do rio cruzando Carinhanha e chegando em Minas Gerais. Estava feito o caminho do gado. Entre 1670 e 1700 alguns colonos europeus se espalharam pelo interior da Bahia, principalmente holandeses e italianos, procurando zonas férteis de brejos para o plantio da cana-de-açúcar. Nesta época chegaram em nossa região segundo alguns antigos, mas nada oficial. Também nesta época começaram a surgir palhoças em Barra e depois em Santana. No final do século XVII, com a descoberta do ouro nas Gerais o movimento no caminho do gado intensificou-se com compradores de escravos, muares, viajantes e homens armados todos movidos pela febre do outro, e Santana era passagem obrigatória de Pernambuco a Minas, ou Goiás, Salvador, Minas; alguns poucos ficaram na região admirados pelas terras férteis pelos brejos e a fartura de peixes. Nascendo o século XVIII Dom Pedro I incumbiu Dom João de Alencastro, o governador, a instalar povoações no sertão baiano próximo ás margens do São Francisco seguindo o caminho do gado, aproveitando as pequenas aldeias, e pediu ao Senhor da Torre que doasse pedaços de terras para a igreja, pois era necessária a construção de missões. Em Santana, após meados do séc. XVIII em Santana teve também suas missões com os franciscanos realizadas onde hoje fica a fazenda missão do senhor Mizael Brandão. Ali havia um grande curral para as doações para o Bom Jesus e onde os franciscanos catequizavam os índios e batizavam brancos e índios após pregação sobre a boa vivência entre eles. Conforme pesquisa no 1º livro de óbitos de Santana encontrei em mais de 60% dos registros os nomes: Francisco ou Francisca de Jesus, Maria do Espírito Santo, Manoel do Espírito Santo, isso já no inicio do séc. XIX, batizados por franciscanos. CEL. FLORES O CONSTRUTOR DE SANTANA DOS BREJOS Quando o Império na primeira metade do século XVII pediu a família D' Ávila, do Castelo da Torre que ajudasse a procurar um caminho através do sertão que ligasse Pernambuco a Minas, Goiás a Salvador, visto que eram constantes os assaltos contra os navios mercantes que cruzavam a costa brasileira, realizados por piratas e corsários. Jamais poderia imaginar que no meio do caminho do sertão baiano em 1675, surgir-se-ia um grande oásis descoberto por Francisco Dias D'Ávila e nele vivendo numa aldeia-missão, índios tupiniquins, no lugar conhecido por todos nós pelo nome de Missão, devido a essa aldeia que, posteriormente à descoberta foi dirigida pelos missionários. A Missão fica na região de Baixa Funda. Esse oásis cheio de brejos, olhos d'água e alguns riachos; situado entre dois grandes rios: o São Francisco e o Corrente, tornar-se-ia conhecido dois séculos depois pelo nome de Santana dos Brejos, por razão de sua grande produção de rapaduras, cachaça, açúcar e charque. Com a descoberta do ouro nas Minas Gerais no final do século XVII, Santana foi parada obrigatória dos tropeiros, boiadeiros, comerciantes de escravos que aos poucos iam propagando por todo vale do São Francisco o nome da Capela de Senhora Santana dos Brejos. Em meados do século XIX já existia alguns sítios de cana-de-açúcar na região da Cachoeira. O povoado com quase 150 habitantes, 21 eleitores, submisso político e religiosamente a Nossa Senhora do Rio das Éguas (Correntina). Santana dos Brejos como muitas cidades baianas nasceu sem batismo, sem ata ou documento da sua fundação e com pouca referência dos indígenas nos seus primórdios. O cel. Francisco Joaquim Flores nasceu em Morro do Fogo, Macaúbas - BA a 1853, filho do alferes, Manoel Joaquim Flores e Maria Messias das Flores. Devido às grandes secas que assolavam aquela região a partir de 1850, avalanches de retirantes dali vieram para Santana dos Brejos e a família dele viera para Bom Jesus da Lapa. Ele ainda criança começou a trabalhar na Gruta do Bom Jesus recolhendo as coletas; o professor Francisco Nunes de Araújo que mais tarde, em1885 a convite do cel. Flores tornar-se-ia o nosso primeiro professor. Foi quem lhe ensinou a ler e a escrever, pois viu naquele menino serelepe, inteligente, destemido e curioso, um futuro brilhante. Em pouco tempo Francisco passou a ser "coroinha", depois a membro do conselho e por fim presidente do Conselho Administrativo do Santuário de B. J. Da Lapa. Na adolescência Francisco já dava dinheiro ao pai, para compra de escravos. No final de 1860, ele veio para Santana dos Brejos trazendo na bagagem algum dinheiro, muita vontade de trabalhar e na cabeça um mar de sonhos ambiciosos. Quando chegou a Santana ele com 16 anos de idade encontrara quase duzentos habitantes e pequena parte da Gameleira, Canabrava e Cachoeira com sítios de cana; a Praça da Matriz já contava com uma vintena de casas rústicas esparsas, em formato de meia-lua. Ele disse ao pai "vou fazer deste pedaço de terra uma grande cidade". Nessa época, ele juntou suas economias, adquiriu uma tropa de burros de carga e começou a carregar rapaduras, acompanhado de alguns escravos para vender em B. J. Da Lapa. Em 1867, o pai do cel. Flores trouxera de Macaúbas algumas famílias de amigos. Era o princípio de um grande salto para a alta produção dos nossos brejos. Em 1868, Francisco conseguiu mais de duzentas assinaturas de habitantes, média de produção de rapaduras, quantidade de gado e de eleitorado da Capela; depois junto com o pai e amigos foram a Salvador, lá procurou o Presidente da Província da Bahia, veja no que deu: LEI DE 2 DE MAIO DE 1868 José de Bonifácio de Azambuja - presidente da Província. Faço saber a todos os seus habitantes que a Assembléia Legislativa Provincial, decretou e eu sancionei a Lei seguinte: Art. 1 °. - Fica elevada a Freguesia a Capela de Senhora Santana dos Brejos do município do Rio das Éguas (Correntina). Art. 2°. - Esta Freguesia se comporá dos distritos de Santana dos Brejos e São Gonçalo. A partir daí, Santana ficou independente, e São Gonçalo que pertencia à Paratinga, passou a pertencer Santana. O cel. Flores queria mais. Foi várias vezes a Macaúbas trazendo mais retirantes oferecendo-lhes pedaços de terras para formação de sítios de cana. Quando o cel. Flores se casou com dona Ursulina de Cerqueira de Magalhães em 1870 a freguesia já contava com 1200 habitantes, com a Rua Porto Novo, metade da Praça da Matriz em forma de meia-lua. Nascendo, descambando para o Tabuleirinho, o seu primeiro Bairro, "Rua dos Canelas", com construções já cobertas de telhas, feitas por retirantes macaubanos que de lá trouxeram o apelido de "canelas". Em 1876, a igreja Matriz já estava construída, e começaram as grandes construções arquitetônicas coloniais: o sobrado do Cônego Speridião (ruiu em menos de um século por falta conservação), o sobrado de Zeferino José do Rego, depois casa de Florêncio Brandão (hoje residência de Ubaldo de Oliveira Nunes), o sobrado do pai do cel. Flores - hoje casa da Cultura e o prédio construído pelo cel. Flores (hoje a Câmara de Vereadores). (2007) No final de 1876, morre o mandatário de Santana dos Brejos o português José Maria Jesuíno (alferes do Império). A partir daí Francisco Joaquim Flores tomou as rédeas e com pulsos de ferro comandou a região até 1922, quando veio a falecer. As famílias que vieram de Macaúbas, Paratinga, Santa Maria do Ouro e de outras regiões encontraram espaços para trabalharem como rendeiros ou posseiros. Assim, o cel. Flores foi povoando Santana dos Brejos fazendo aumentar toda sua produção, ajudando a escoá-la através de barcas, ajoujos e com a chegada dos vapores de 1872 o nome do povoado estendeu-se por todo vale do São Francisco, como o maior produtor de rapaduras, cachaças e charque. O cel. Flores teve o seu primeiro batismo de sangue quando participou das lutas políticas no Rio das Éguas (Correntina), nos idos de 1879/80, envolvendo Correntina, Santana dos Brejos, Santa Maria da Vitória, depois da queda do PR - Partido Republicano e a vitória do PL (Partido Liberal); ajudando o tio de sua esposa cel. Severiano Antonio de Magalhães contra os Afonso de Oliveira e José Ataíde de Santa Maria da Vitória. O cel. Flores ajudou o tio levando mais de 50 jagunços, bastante munição e armas, chegando a ser preso. Nessas lutas mais de dez pessoas perderam suas vidas e o Cel. demonstrou muita coragem, reforçando a confiança do povo de Santana em seu comandante. Durante a década de 1880, ele arrumou a casa, conseguiu professores, aumentou o eleitorado, preparando a freguesia para ser Vila de Santana dos Brejos. Enquanto isso o Ten-cel. Norberto Nunes da Silva, de São Gonçalo (Serra Dourada), vinha a muito tentando o desmembramento desse distrito, do município de Santana dos Brejos, mas até os padres Speridião, de Santana e o de Paratinga enviaram carta ao bispado da Bahia contra esse projeto. Essa disputa gerou muitas lutas entre o Cel. Flores e o Ten-cel. Norberto; onde aconteceram em três palcos: Salgado, Riachão e São Gonçalo envolvendo mais de duzentos jagunços e resultando em mais de trinta mortes. Foi necessário o governador da Bahia enviar o deputado Cezar Zama para apaziguar a região. Após várias reuniões chegaram a um acordo que foi celebrado no Natal de 1887 e até as eleições de 1890 o Cel. Flores seria o Intendente e Ten-cel. Norberto, o Juiz da Paz. Santana dos Brejos foi elevada à Vila. Ato de16 de agosto de 1890, assinado pelo governador Hermes Ernesto da Fonseca. Sua instalação foi em 16 de dezembro do mesmo ano, com a primeira eleição municipal. Eleitos: o Cel. Flores Intendente e o Ten-cel Norberto Nunes, Juiz de Paz. Só que seis anos mais tarde, quando o Ten-cel. Norberto vinha com a sua comitiva da Romaria de Bom Jesus da Lapa - em 26 de agosto, como era o seu costume. Parou para descansar na fazenda "Abóboras" do cel. Flores. Antes do almoço foi servido um copo de cachaça a Norberto, terminado o almoço, Norberto tomou outro gole e seguiu viagem; chegando perto da fazenda "Missão", também do cel. Flores, Norberto sentiu-se mal. Brás Travessa (seu jagunço de confiança), retirou Norberto dos arreios, sob o pranto de Honória sua esposa, que logo pressentiu o perigo. Reconhecido o veneno como estraquinina, alguns jagunços voltaram rapidamente à procura de José Claro para matá-lo, mas esse logo fugiu quando os hóspedes deram às costas. Posteriormente, foi descoberto que dona Sussu foi quem mandou José Claro matar envenenado o Ten-cel. Norberto; acabando com o maior rival político do Cel. Flores. O corpo de Norberto está sepultado na igreja Matriz de Santana, dentre outros mais de dois mil corpos. Em 1895, foi realizado o leilão dos bens do Santuário de Bom Jesus da Lapa, existentes em Santana dos Brejos. O arcebispado da Bahia fez um acordo com o Cel. Flores presidente da Mesa Administrativa do Santuário. O Cel. Flores comprou as cinco fazendas: Barra, Estiva, Missão, Abóboras e Cabaceiras. A quantidade de gado, que era desconhecida da irmandade do Bom Jesus daria para pagar os 11.000$ (onze contos de reis). A própria irmandade emprestou parte do dinheiro ao Cel. Flores e o senhor Cláudio José de Almeida um dos homens mais ricos de Santana, emprestou-lhe a outra parte 4.000$ (quatro contos de reis). Os posseiros de Canabrava, Redondo e Gameleira transformaram-se em proprietários, pagando aos poucos ao Cel. Flores em dinheiro e em produção. Direta ou indiretamente, os moradores de Santana dos Brejos deviam favores ou obrigações ao Coronel que era respeitado como chefe-supremo. Na reunião plena do Partido Republicano da Bahia em 1° de março de 1901, o Cel. Flores numa demonstração de poder, prestígio e inteligência foi escolhido para Delegado do Vale do Rio São Francisco. Isso lhe deu o direito de pedir, depois da reunião, ao governador Severino a elevação da Vila de Santana à Cidade de Santana dos Brejos e foi atendido. LEI Nº. 410 DE 25 DE ARIL DE 1901 O governador do Estado da Bahia. Faço saber que a Assembléia Geral Legislativa decretou e eu sanciono a seguinte lei: Art. 1º - Fica elevada à categoria de Cidade a Vila de Santana dos Brejos. Art. 2º - Revogam-se as disposições em contrário. Palácio do governo do Estado da Bahia, em 25 de abril de 1901, 13°. da República. Severino dos Santos Vieira. José de Oliveira Leite. Em 1902, o Cel. Flores trouxe Estefânia Leão, a primeira professora diplomada, que veio para ficar; veio de Santa Maria da Vitória e se casou com Vital Pereira de Souza. A essa altura Santana dos Brejos já contava com mais de seis mil habitantes. Durante a fase governamental de José Joaquim Seabra, na Bahia, que vai de 1912 a 1924, o Cel. Flores sofreu muitas perseguições políticas, por ser forte opositor a Seabra, ser fiel ao Partido Republicano e apoiar sempre Rui Barbosa seu amigo e rival de Seabra. Mas, essas perseguições pouco influíram na vida do Cel. Flores, tanto que ele fazia de Santana dos Brejos como se fosse um estado dentro do próprio Estado, pois ele foi quem construiu Santana, foi quem sempre a governou, ele não pesava e nem media as conseqüências para segurar sua cidade com pulso de ferro. Ele nunca aceitou que o Governo interferisse na sua administração. Seabra fez tudo para tê-lo a seu lado, quando sentiu que não conseguiria, lançou um forte candidato de oposição para Intendente de Santana dos Brejos na eleição de 1920 - o Ten-cel. Francisco Teixeira - genro do padre Speridião (pai de Daurinho Teixeira). O candidato, homem rico de muitas posses teve todo tipo de apoio do governador Seabra, visto que ganhou a eleição para Prefeito de Santana em 1920. Ganhou, mas não levou! O Cel. Flores, após a contagem dos votos ficou pálido, revoltado, subiu na cadeira e mandou Genésio, seu jagunço de confiança levar as urnas. Os outros jagunços saíram dando tiros pela cidade e o candidato Francisco Teixeira desapareceu com seus amigos. Dois meses depois chegaram a Santana um capitão e cinqüenta homens da Força Pública para tomarem a Prefeitura do Cel.Flores e entregar o Município ao Ten-cel Francisco Teixeira. O Cel. Flores fingiu que não sabia de nada e convidou toda tropa que estava aquartelada no sobrado, que ficava à esquerda da igreja Matriz, para um churrasco na casa onde hoje mora e pertence Dalvo Alves Rego. Depois do almoço, o Coronel disse, "olhe capitão, seus cavalos estão prontos em frente à Prefeitura, volte para a Bahia (Salvador), e diga a Seabra que ele manda lá, aqui quem manda sou eu. Quem fez esta cidade fui eu. Portanto, ela é minha. Aí fora tem mais de cem homens meus pronto para tudo, mas não quero lutas". Sentenciou! Os homens da Força Pública da Bahia voltaram para a Capital. E o Cel. Flores ficou no poder até quando veio a falecer no ano de 1922. Com a morte do Cel. Flores, seu sobrinho e herdeiro-político - Dr. Francisco Flores (Dr. Chico), primeiro médico filho de Santana e deputado estadual várias vezes na década de 1920, ficou com as rédeas do Município. E essa primeira fase do coronelismo em Santana durou até 1947. Todos os prefeitos pós-morte do coronel foram parentes ou amigos bem próximos da família Magalhães Flores, esse sistema foi chamado "coronelismo familiocrático". Somente em 1930, quando Getúlio Vargas tomou o Poder, enviou o vapor "O Curvelo" com um forte comando do Governo Revolucionário à Santa Maria da Vitória. Ali todos governantes dos municípios da bacia do rio Corrente foram depostos, pois não apoiaram Getúlio. A Revolução derrubou o Dr. Francisco Flores e nomeou Moisés Martins de Oliveira, Prefeito de Santana. Isso durou pouco, pois em 1932, o próprio povo de Santana destituiu Moisés, com Dr. Chico retornando ao Poder até 1947. Vilmar Teixeira de Souza - Secretaria Mun. de Cult. Tur e Lazer. Prefeitura de Santana Adm.: Governando Para Todos.

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