Foto: Divulgação

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Os desafios de ser mulher negra no Brasil foram lembrados em sessão especial realizada, na manhã de sexta-feira, na Assembleia Legislativa da Bahia. E, para assegurar que é possível vencê-los, mesmo com todos os obstáculos impostos ao longo da história do país, estava presente no evento a deputada federal Benedita da Silva (PT/RJ), homenageada ela própria com o troféu que leva o seu nome. 
Assim como a deputada, ex-senadora e ex-governadora do Rio de Janeiro, muitas mulheres negras receberam o Troféu Benedita da Silva – Pérola Negra, que chegou a sua quarta edição na Bahia. O prêmio foi criado pelo deputado Bira Corôa (PT), que também propôs a realização de mais essa sessão especial em solidariedade a luta das mulheres negras. 
“O Troféu Pérola Negra foi criado para homenagear personalidades negras, cuja trajetória de vida reconhecidamente reflita em serviços prestados à luta histórica das mulheres negras contra a opressão de gênero, agravadas pelo racismo e pela exploração de classe social”, afirmou Bira Corôa, no discurso que abriu a sessão especial dessa sexta-feira. 
De acordo com ele, o Troféu Benedita da Silva – Pérola Negra já se tornou um símbolo na Assembleia Legislativa de “reconhecimento dessas mulheres, imprescindíveis à construção de um Brasil solidário, multiétnico e pluricultural”. No discurso, Bira lembrou também que, apesar de ainda em desvantagem, mais mulheres negras estão se inserindo na universidade e no mercado de trabalho, conquistando espaços importantes na economia, comunicação, sociedade e política. 
“Essas mulheres estão lutando para transformar a realidade, superar as desigualdades e construir uma nova cultura na sociedade, além do combate a opressão de classe e o enfrentamento ao machismo, sexismo, racismo, homofobia e todas as formas de discriminação”, acrescentou Bira Corôa.  
As lutas e conquistas das mulheres negras foram lembradas também por Benedita da Silva ao discursar na sessão especial. E falou também sobre o momento vivido na política brasileira. “Aos 75 anos de idade não pensava mais passar por tudo que estamos passando. Mas temos a marcada da resistência e haveremos de resistir. Resistimos na senzala e na casa grande, criamos nossas estratégias de luta, e não vamos permitir que o sinhozinho venha retirar os direitos que conquistamos as duras penas”, afirmou. 
Entre as medidas criticadas por Benedita da Silva está a reforma da educação sancionada pelo presidente Michel Temer. “Não podemos permitir que o sinhozinho rasgue a Constituição Federal, pegue o seu chicote e imponha que escola agora vai ser uma escola sem partido, uma escola sem história, sem dar oportunidade principalmente às mulheres negras”, conclamou ela. 
Em seu discurso, Benedita da Silva quebrou o protocolo e fez uma homenagem emocionada ao cantor e compositor Luiz Melodia, que morreu no último dia 4 de agosto, vítima de complicações de um câncer. “Luiz Melodia era mais do que um cantor e compositor; ele era compromissado com a lua de nosso povo e cantava em glória e sangue todas as vicissitudes que passam a nossa comunidade”, afirmou. Não por acaso, como lembrou Bira Coroa logo depois, Melodia é o autor da música Pérola Negra, que também dá nome ao prêmio. 
Assim como Benedita da Silva, outras mulheres negras foram agraciadas com o prêmio Pérola Negra, entre elas a capitão PM Edilania Aguiar (coordenadora do Centro Maria Felipa da Polícia Militar), Maisa Maria Vale (coordenadora do Instituto da Mulher Negra Odara), Zelinda Barros (representante do coletivo Ângela Deris da UFRB), Lígia Margarida (representante da Rede de Mulheres pelo Fortalecimento e Controle de Políticas Públicas) e a ekedi Isaura Genoveva (representante da Rede de Mulheres de Terreiro), entre outras personalidades. 
Em seus discursos, todas elas falaram sobre os desafios da mulher negra na década do afrodescendente. Também participaram da sessão especial, a secretária de Promoção da Igualdade Racial, Fábya Reis; o secretário estadual da Justiça, Carlos Martins, e a vereadora Marta Rodrigues.


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