| 19/04/2018 | 16:25
Fonte: Agência Senado
Paulo Paim e o vice-presidente da Federação Brasileira de Associações de Fiscais de Tributos Estaduais, Marcelo Ramos de Mello, no debate sobre dívidas estaduais

Paulo Paim e o vice-presidente da Federação Brasileira de Associações de Fiscais de Tributos Estaduais, Marcelo Ramos de Mello, no debate sobre dívidas estaduais

Maior participação estadual na arrecadação de impostos, aumento da tributação para rendas mais elevadas e aprovação do projeto que muda a forma de reajuste de empréstimos dos estados. Essas foram sugestões apresentadas por especialistas que participaram nesta quinta-feira (19) de debate na Comissão de Direitos Humanos (CDH) para discutir o endividamento dos estados.

Essa foi a terceira audiência pública do ciclo de debates sobre carga tributária proposto pela comissão. A crise financeira enfrentada pelas unidades da federação tem várias origens, explicou o representante do Sindicato Nacional dos Analistas Tributários da Receita Federal (Sindireceita) José Carlos Mazzei.

— Muitas foram as causas que levaram ao endividamento dos estados: a gestão tributária centralizada do regime militar, a autorização de empréstimos externos como fonte de financiamento, o Plano Real, que eliminou os ganhos inflacionários, as taxas de juros elevadas e as operações de salvamento dos bancos, que transferiram as dívidas para os estados — elencou.

Outra causa dos problemas financeiros dos estados é a Lei Kandir, que desonerou de tributos diversos setores, sem compensação das perdas pela União por falta de regulamentação. A cobrança do serviço da dívida também agravou a situação dos estados, ressaltou o ex-deputado federal Hermes Zanetti.

— Serviço da dívida, pareceria, assim: Ah! São duas palavras inofensivas. Essas duas palavras custam ao país, de 1989 a maio de 2017, R$ 25 trilhões. Eu repito: R$ 25 trilhões.

Na visão do presidente do Comitê Nacional de Secretários de Fazenda dos Estados e do Distrito Federal, André Horta Melo, a solução do endividamento dos estados depende da revisão da tabela do Imposto de Renda e do pacto federativo.

— É preciso que os estados tenham uma maior participação no bolo de tributos e é preciso que as rendas maiores tenham uma maior solidariedade no sustento da sociedade. Aí a gente virá com o terceiro trabalho que é, justamente, desonerar as rendas menores — explicou.

O vice-presidente da CDH, senador Paulo Paim (PT-RS), afirmou que a dívida dos estados é impagável. Ele citou o caso do Rio Grande do Sul, que contraiu uma dívida em torno de R$ 9 bilhões, pagou R$ 28 bilhões e ainda deve R$ 58 bilhões. Uma das saídas, disse Paim, é aprovar o projeto que muda a forma de reajuste de empréstimos aos estados. O PLS 561/2015 — Complementar tramita na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). O relator é o senador Lindbergh Farias (PT-RJ)

— É importante que a gente caminhe, efetivamente, para aprovar um projeto como este e outros, como a auditoria da dívida, para resolver essa questão. Porque são dívidas impagáveis.


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