Fake News na Política

Um fenômeno para se atentar

Uma preocupação, outrora não tão habitual, ganhou destaque devido a acontecimentos nas eleições americanas. A distorção dos fatos, a invenção de conteúdos e a inserção de orientações ideológicas em notícias ocupam cada vez mais as pautas de discussão dos políticos e suas equipes.

O fato não é recente: a criação de fake news em detrimento a algo ou alguém sempre ocorreu. A grande questão é que com o advento da Internet, a propagação de histórias forjadas adquiriu um nível praticamente incontrolável, cujas consequências podem ser severas.

Para que se criem condições de estruturar medidas de combate ao falseamento, é necessário transformar em objetos de estudos sua construção e modo de multiplicação.

Política

Considerada a “palavra do ano” pelo dicionário em inglês da editora britânica Collins, o termo “fake news” se popularizou entre 2016 e 2017.  Em parte, a notoriedade se atribui aos dois candidatos à presidência das últimas eleições dos Estados Unidos, Hillary Clinton e Donald Trump, que foram alvos de publicações falsas.

Sabendo do grande volume de fake news disseminadas, os economistas Hunt Allcott e Matthew Gentzkow realizaram um monitoramento. A partir de 115 notícias falsas pró-Trump e 41 pró-Hillary, verificou-se grande diferença no número de compartilhamentos. Precisamente, os posts pró-Trump foram compartilhados 30 milhões de vezes, enquanto os pró­Hillary 8 milhões.

“Quanto mais o eleitor está numa bolha virtual, onde só segue perfis no Facebook e no Twitter de pessoas com quem ele concorda, mais propenso está em compartilhar as notícias, falsas ou verdadeiras, que confirmem o que ele já achava antes. Se as notícias são verdadeiras ou não, não importa”, os economistas afirmam.

Tal fenômeno não se apresenta exclusivamente nos Estados Unidos. Uma vez que observa-se, a nível global, o mesmo padrão de comportamento nas redes sociais. A bolha informacional é criada justamente no momento em que, por comodidade, o público busca informação em meios que já estejam de acordo com suas crenças. Enquanto isso, as noções opostas ficam contidas em outros espaços. Os algoritmos das redes sociais, inclusive, tendem a estimular essa conjuntura, afinal atuam na seleção dos conteúdos a serem exibidos.

Dessa forma, na era digital, a circulação de informações encontrou um ambiente perfeito, pois qualquer pessoa pode construir um discurso, bem como ser atingido por ele. Não existe uma garantia de que determinados conteúdos, dados e/ou declarações sejam, de fato, verídicas.

O político pode ter sua imagem profundamente prejudicada, caso o público considere unicamente a falsa versão.  Por este motivo, a equipe política deve estar preparada para o julgamento público se blindando com o conhecimento do que é falado sobre o político e o apreço pela verdade.

Frentes de ação

No Brasil, as eleições de 2018 se aproximam. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) reconhece o risco que as fake news podem trazer ao pleito e estuda desde já medidas para combate. Segundo fontes familiares com as negociações, até dezembro desse ano, um conjunto de regras de comportamento online para partidos e candidatos será divulgado.

Ao caminhar em uma linha tênue, a regulação de conteúdos e a liberdade de expressão são desafiadores para a manutenção da democracia.

Identificar fake news também pode ser um papel desenvolvido pelo público. Simples ações como o cuidado com manchetes apelativas, emocionais e virais e a checagem dos fatos podem transformar completamente a opinião crítica da pessoa em questão.

 

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