Controverso projeto de construção da Rodovia BR-319 divide opiniões no governo

A construção da rodovia BR-319, que ligará a capital do Amazonas, Manaus, ao restante do país, tem gerado grande polêmica no governo federal. Enquanto o Ministério dos Transportes defende a liberação da obra, a ala ambiental liderada por Marina Silva tem sido veemente em sua oposição, defendendo cautela e medidas de mitigação antes de prosseguir com a construção. 

De um lado, temos o Ministério dos Transportes e parlamentares da Região Norte, como o governador de Alagoas, Renan Filho (MDB), que argumentam que a rodovia é necessária para diminuir o isolamento de estados como o Amazonas e Roraima em relação ao resto do país. Ainda são territórios onde o acesso é majoritariamente feito por meio fluvial e aéreo, o que encarece e limita o transporte de pessoas e mercadorias. Além disso, a BR-319 traria benefícios econômicos ao permitir o escoamento da produção local para outras regiões do país, promovendo o desenvolvimento regional.

No entanto, há uma forte oposição dentro do próprio governo, encabeçada pela ex-ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e apoiada por cientistas e ambientalistas. Eles alertam para os possíveis impactos ambientais e sociais do asfaltamento completo da rodovia sem uma adequada governança e medidas de mitigação. A Amazônia é uma região extremamente sensível, com uma biodiversidade única e importantes funções ecológicas, como a regulação do clima e a manutenção do ciclo de chuvas.

O asfaltamento da BR-319 pode levar à intensificação do desmatamento, pois facilitará o acesso de madeireiras e grileiros às áreas antes remotas e protegidas. Isso pode levar à perda de habitats de espécies, ao deslocamento de comunidades tradicionais e à degradação dos recursos naturais. Além disso, a própria construção da estrada pode causar impactos diretos, como o aumento da erosão do solo e a contaminação dos rios por resíduos químicos da pavimentação.

Foto: DNIT / BBC News Brasil